Padre Roberto Camillato

Padre Roberto Camillato
Padre Roberto Camillato - Pároco da Paróquia de Santo Antônio e Reitor do Santuário-Basílica - Vitória - Espírito Santo

domingo, 6 de outubro de 2013

DOGMA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA


“Para preparar a definição do dogma da Imaculada Conceição de Maria, Pio IX constituiu, em 1º de junho de 1848, uma comissão de teólogos. Em 2 de fevereiro de 1849 mandou ao episcopado do mundo católico mundial a Encíclica “Ubi primum” (Pio IX, Acta 1/I, 162 – 166) para pedir a opinião dos bispos a respeito da definibilidade. As respostas dos bispos foram publicadas na obra Pareri dell’ Episcopato cattolico, di capitoli, di congregazioni di universitá... sulla definizione dogmatica dello immacolato concepimento della B. V. Maria... (10 vols., Roma 1851 – 1854). Dos 603 bispos interrogados, 546 eram a favor da definição. Depois da publicação desses ‘votos’, Pio IX fez elaborar alguns esquemas da bula (publicada por V. Sardi, l.c. infra, 2, 22ss 60ss 76ss 103ss 125ss 151ss 177ss 259ss). O próprio Papa participou de maneira decisiva na redação final da bula.”

Trechos da Bula “Ineffabilis Deus”, 8 de dezembro de 1854, do Papa Pio IX.

“O Deus inefável... desde o princípio e antes dos séculos, escolheu e predestinou para seu Filho Unigênito uma mãe da qual nascesse feito carne, na bem-aventurada plenitude dos tempos; e a acompanhou com tão grande amor, de preferência a todas as criaturas, que unicamente nela se comprouve com a mais propensa  vontade. [...] Assim ela, sempre absolutamente livre de toda mancha do pecado, toda bela e perfeita, possui uma tal plenitude de inocência e de santidade que de modo nenhum se pode conceber maior, depois de Deus, e que, fora de Deus, ninguém pode apreender por mero pensamento.

E certamente era de todo conveniente que uma mãe tão venerável refulgisse sempre adornada dos esplendores da santidade mais perfeita e, inteiramente imune da mancha da culpa original, alcançasse o mais completo triunfo sobre a antiga serpente. A ela, Deus Pai decidiu dar seu Filho Único, ao qual, gerado do seu coração, igual a ele mesmo, ama como a si mesmo, e decidiu dar de modo tal que ele fosse, por natureza, um só e o mesmo Filho comum de Deus Pai e da Virgem; a ela, o mesmo Filho a escolheu para fazê-la sua mãe de modo substancial, e o Espírito Santo quis e atuou para que por ela fosse concebido e nascesse aquele do qual ele mesmo procede.

De fato, a Igreja de Cristo, diligente guardiã e vindicadora das doutrinas a ela confiadas, nelas nada jamais altera, nada omite, nada acrescenta, mas, com todo o zelo, tratando fiel e sabiamente os velhos dados que desde tempos remotos tomaram forma e que a fé dos Padres semeou, procura limá-los e poli-los de tal modo que aqueles antigos dogmas da doutrina celeste recebam evidência, luz e precisão, mas conservem sua plenitude, integridade e característica e se desenvolvam somente segundo seu próprio gênero, ou seja, no mesmo dogma, no mesmo sentido, na mesma sentença.

[...] Para a honra da santa e indivisa Trindade, para adorno e ornamento da Virgem Deípara (Mãe de Deus), para exaltação da fé católica e incremento da religião cristã, com a autoridade do nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e nossa, declaramos, proclamamos e definimos: a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio do Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original, é revelada por Deus e por isso deve ser crida firme e constantemente por todos os fiéis.

Portanto, se houver quem presuma – o que Deus não permita – pensar no coração diferente do que foi por Nós definido, tais tomem conhecimento e saibam que, condenados por seu próprio juízo, naufragaram na fé e estão separados da unidade da Igreja, e ainda incorreram automaticamente nas penas estabelecidas pela lei, se se atreverem a manifestar por palavra, por escrito ou de qualquer outro modo externo, o que pensam no coração” (DENZINGER, 2007, p. 614 – 616).

REFERÊNCIA:


DENZINGER, H. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. São Paulo: Paulinas, Loyola, 2007.

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